Assistimos boquiabertos, porém com uma mascara do EPI de aplicação de defensivos, ao avanço em massa de uma infecção respiratória causada por um vírus: o novo Coronavírus identificado como COVID-19, surgida e disseminada na China.
Boquiabertos continuamos ao assistir quantos desentendimentos vem sendo causado desde métodos de controle da disseminação e a forma de contê-los, até atitudes de aproveitadores de plantão, tanto na classe política, quanto aos agentes de mercado, querendo se valer de uma pandemia para terem favorecimento tanto econômicos como políticos. E o vírus avança mundo afora.
O agricultor e toda cadeia que o acompanha desde aquele que cultiva hortaliças até o operador de grandes colheitadeiras de grãos ou cana-de-açúcar, o caminhoneiro que transporta a produção, os trabalhadores em unidades de recebimento da produção agrícola, os operadores das industrias de processamento, os trabalhadores em supermercados, feiras e quitandas, chegando aos operadores nos terminais de embarque para exportação, nenhum deles são ou estão imunes ao vírus. Porém, com os cuidados necessários, cumprem com o seu dever de alimentar os seus entes queridos, sua comunidade, o país e boa parte do mundo.
A agricultura e tudo que a cerca, não pode, não deve e não vai parar mesmo com essa pandemia. A lavoura deve ser plantada no tempo certo; o controle de pragas e doenças não pode esperar, o período de colheita é definido pela natureza, sob pena de deixarmos de cumprir com o dever de produzir alimentos e outros itens necessários à sobrevivência de todos.
Citamos ainda o caso daqueles que atuam na pecuária, tanto de bovinos, caprinos, suínos ou aves: deixar de alimentá-los, não assistir quando da reprodução ou não abatê-los no tempo certo, com certeza causaria falta de alimentos para o Brasil e boa parte do mundo.
Mas com a disseminação, do vírus, já há sinalização de impactos negativos no agronegócio, como queda do consumo, oscilações no comercio exterior e dificuldades de o produtor se preparar para a próxima safra.
Nas exportações já se sente os efeitos, com diminuição das vendas externas, encolhendo até março\20 em torno de 10%, e no caso da soja, um encolhimento maior, com queda de mais de 20%. A exceção é a proteína animal, ou seja, carnes de bovinos, suínos e aves, que tiveram leve alta. Houve nestes casos a compensação, ao menos em partes, pela alta do dólar, pois se internaliza o resultado das vindas externas, ou converte o dólar em reais, a taxa de cambio compensa em parte a redução das exportações. Esta alta do dólar não necessariamente é bom para o agronegócio, pois a maior parte dos insumos agropecuários, como defensivos e fertilizantes é importada e negociada em dólar ou seja, tem custado mais caro, fazendo o produtor sentir o impacto no custo de produção e no planejamento da próxima safra.
A atividade agropecuária não pode parar, mas com os pés bem fincados no chão firme, e também deve se considerar para o planejamento, a queda de crescimento, não só do Brasil, mas do mundo consumidor. Já se observa queda das comodities agrícolas, em especial a soja, a queda do preço do petróleo, que afeta diretamente os biocombustíveis produzidos no Brasil, como o biodiesel e álcool\etanol. Já se observa a queda no consumo, e ela é vertiginosa, basta olhar o trânsito e o movimento no comercio, em função do “distanciamento ou isolamento social”.
Por uma questão lógica, a tendência é que o setor agropecuário, de um modo geral, reduza menos a sua atuação e produção, em relação a outros setores da economia, ou seja, “as pessoas precisam comer”.
De certa forma este vírus chinês trás um ensinamento a todos, ou melhor, um reconhecimento de que a atividade agropecuária é ESSENCIAL, não só para atravessar este período de pandemia, mas em todos os momentos da vida do ser humano. Do amanhecer ao anoitecer, do nascimento ao ultimo dia de vida, alimentando, vestindo, calçando, dando abrigo, fornecendo energia, e ainda dando suporte a economia do país.