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Indignação, dor e providências: vandalismo em túmulo reacende alerta sobre segurança no Cemitério Municipal de Cambará

O casal registrou Boletim de Ocorrência na Delegacia Civil da Comarca de Cambará

Jomar Medeiros
Por: Jomar Medeiros Fonte: DA REDAÇÃO
26/06/2025 às 13h05
Indignação, dor e providências: vandalismo em túmulo reacende alerta sobre segurança no Cemitério Municipal de Cambará

Na manhã da última quarta-feira, 25 de junho, Cambará despertou com uma cena lamentável. Dona Rugenia do Nascimento Zanardo, filha da cidade e atualmente residente em Cornélio Procópio, recebeu uma notícia que abalaria qualquer coração: o túmulo de sua família, no Cemitério Municipal de Cambará, havia sido vandalizado. Sem hesitar, ela e o esposo viajaram até a cidade natal para verificar pessoalmente o ocorrido — e o que encontraram foi um cenário de indignação e tristeza.

A tampa de pedra estava totalmente destruída. O túmulo, aberto. Em choque, Dona Rugenia acionou imediatamente os responsáveis pelo setor público e a Guarda Municipal, temendo o pior: a violação dos restos mortais de seus entes queridos.

Esclarecimento técnico e histórico

Felizmente, após perícia e inspeção realizada pela Guarda Municipal em conjunto com o responsável pelo setor, foi confirmado que os restos mortais não foram removidos. Eles permanecem enterrados abaixo do nível do solo, como era costume na cidade até alguns anos atrás.

A prática de sepultamento direto na terra foi comum em Cambará até que novas leis municipais, em consonância com normas ambientais mais rigorosas, determinaram mudanças. A alteração considerou, entre outros fatores, a crescente presença de indústrias no entorno da área urbana, exigindo maior cuidado com a integridade do solo e o lençol freático.

Respostas rápidas e combate à impunidade

O chefe da Guarda Municipal, prontamente contatado pela reportagem do Jornal News, classificou o ato como um "crime amador", prática infelizmente ainda recorrente e, em muitos casos, relacionada ao uso de drogas. Segundo ele, em situações anteriores, usuários furtavam peças funerárias — especialmente de bronze — para revender a receptadores em troca de entorpecentes.

“É preciso reforçar que receptar é tão criminoso quanto furtar. Sem quem compre, esse tipo de crime não teria razão para existir”, destacou o chefe da corporação.

Hoje, grande parte dos adornos em túmulos já não são mais de bronze, sendo produzidos com materiais de baixo valor comercial como latão, gesso e até plástico. Ainda assim, a depredação e o furto em espaços sagrados como cemitérios representam um grave atentado não só à lei, mas à dignidade e à memória das famílias.

Tecnologia a serviço da paz

Coincidentemente — ou providencialmente —, o processo de instalação de câmeras de segurança já estava em andamento. O município havia iniciado há dois meses os trâmites para equipar o cemitério com 16 câmeras de vigilância. Após o episódio com o túmulo da família Zanardo, a Prefeitura acelerou o cronograma.

Menos de 24 horas depois, já na manhã de quinta-feira (26), técnicos da empresa Service Security, contratada pelo poder público, iniciaram a instalação dos equipamentos. O Cemitério Municipal de Cambará agora passa a ser monitorado com câmeras de alta resolução, oferecendo mais segurança aos visitantes e protegendo os túmulos de futuras violações.

O casal registrou Boletim de Ocorrência na Delegacia Civil da Comarca de Cambará e, apesar do trauma, manifestou gratidão pela agilidade dos agentes públicos na resposta e nas providências adotadas.

Reflexão final

O ocorrido acende um alerta que precisa ser constante: o respeito à memória dos que partiram e à dor dos que ficaram é dever de toda a sociedade. Que esse episódio traga, além da revolta momentânea, mais consciência coletiva e vigilância para que espaços como o cemitério — símbolo de memória, amor e história — sejam sempre tratados com o cuidado e a reverência que merecem.