Muitos culpam o governo X, Y ou Z pela situação que vivemos. O Brasil sempre foi um país onde frases como “aqui tudo termina em pizza” refletem a descrença no potencial do nosso povo.
Mas a realidade é ainda mais dolorosa: somos uma nação onde precisamos amarrar canetas em bancos para evitar que sejam levadas. Uma pequena metáfora que diz muito sobre o comportamento coletivo — a incapacidade de enxergar o que é de todos como algo que merece respeito.
O problema nunca foi apenas o governo. Sempre foi cultural, enraizado no dia a dia, nos pequenos gestos, nas pequenas corrupções que, somadas, se tornam monstros maiores do que qualquer política pública pode conter. Quando se critica um político corrupto, mas se acha normal furar fila, levar vantagem, mentir em uma simples declaração ou estacionar em vaga de idoso, estamos apenas reforçando o ciclo que condenamos.
O Brasil é um gigante adormecido não por falta de riquezas naturais, nem por ausência de oportunidades, mas porque ainda insistimos em buscar culpados fora de nós mesmos. Enquanto isso, vemos talentos indo embora, sonhos sendo esmagados e gerações crescendo desacreditadas de que a mudança é possível.
E ela é. Mas só virá quando entendermos que mudar o Brasil não é papel apenas dos governantes, mas sim de cada um de nós, começando pelos detalhes mais simples: respeitando regras, valorizando o bem coletivo, educando com exemplo e se recusando a normalizar a desonestidade.
Talvez o dia em que não for mais necessário amarrar canetas seja o mesmo em que poderemos olhar para o país com o orgulho de quem construiu, tijolo por tijolo, uma nova história.
O Brasil merece mais. E o futuro começa no que fazemos agora.