A Sexta-feira Santa, para além dos templos, sinagogas ou terreiros, é um convite universal ao recolhimento da alma, ao silêncio interior e à contemplação do que há de mais sagrado: a vida, a fé e a esperança. No Brasil, onde diferentes tradições religiosas convivem e se entrelaçam, essa data carrega um profundo significado espiritual, capaz de tocar todos os corações — não importa a doutrina, o altar ou a forma de se conectar com o divino.
Para os Católicos: o Sacrifício de Amor
A Igreja Católica vive este dia em profundo luto e respeito. É o dia em que Jesus Cristo, símbolo maior de amor e entrega, foi crucificado. É um tempo de jejum, oração e silêncio. Não há celebração da Eucaristia, mas há a tradicional Celebração da Paixão, onde o Cristo é reverenciado em sua dor e sua entrega pela humanidade.
A cruz deixa de ser um símbolo de sofrimento e torna-se ponte para a salvação. Para os católicos, é dia de não comer carne, de visitar igrejas, fazer a Via Sacra, ajoelhar-se diante da cruz e compreender que a dor também pode ser caminho de renascimento.
Para os Evangélicos: o Amor que Redime
Para grande parte das igrejas protestantes, a Sexta-feira Santa também representa o ápice do plano redentor de Deus. Jesus, o Cordeiro Santo, é o centro dessa memória viva. Cultos especiais, reflexões bíblicas e momentos de comunhão marcam a data.
Muitos pastores lembram que, embora seja um dia de dor, é também um dia de esperança, pois a crucificação foi apenas o começo da vitória. "Está consumado", disse Cristo — selando não um fim, mas um novo começo para todos que creem em sua mensagem.
Para os Umbandistas: o Silêncio dos Orixás e a Força da Fé
Na Umbanda, a Sexta-feira Santa é um dia de respeito profundo. Muitos terreiros não realizam trabalhos espirituais nesse dia. Acredita-se que até os Orixás, nesse momento, silenciam para reverenciar o Cristo, símbolo de luz e evolução espiritual. É tempo de velas acesas, de preces discretas, de gratidão pelos caminhos abertos, e de pedir paz ao coração.
É um momento de reconexão com a ancestralidade, com os ensinamentos dos Pretos Velhos e de todas as entidades que, em sua sabedoria, também reconhecem o sacrifício do Mestre Jesus como fonte de ensinamento e humildade.
Uma Sexta-feira para Todos
Independentemente da fé, a Sexta-feira Santa nos chama à introspecção. Em tempos tão ruidosos, ela oferece silêncio. Em tempos de ego, oferece sacrifício. Em tempos de pressa, oferece pausa.
É o dia em que podemos olhar para dentro, refletir sobre nossas atitudes, perdoar, recomeçar. É dia de pedir desculpas, de voltar para casa, de acender uma vela, de fazer uma oração — seja em nome de Jesus, de Oxalá, de Deus ou do Universo.
É dia de amar.
Que sua Sexta-feira Santa seja um reencontro com a fé que mora dentro de você. Que seja um lembrete de que o amor, o perdão e a luz vencem, sempre.
Equipe Jornal News