Por Jomar Medeiros
Quando se fala em Ourinhos, não tem como não lembrar da FAPI — a Feira Agropecuária e Industrial que, ao longo de décadas, transformou a cidade no coração pulsante do interior paulista. Mais do que um evento, a FAPI é um símbolo. Um verdadeiro espetáculo de tradição, cultura, diversão e orgulho regional.
A cada edição, a cidade se ilumina. Famílias inteiras atravessam quarteirões para se encantar com as luzes e a adrenalina dos parques de diversões que fazem os olhos das crianças brilharem. Jovens lotam os pavilhões para curtir os shows de artistas nacionais — estrelas que colocam Ourinhos no mapa dos grandes espetáculos do país. De Zezé Di Camargo & Luciano a Gusttavo Lima, passando por Jorge & Mateus e até Paralamas do Sucesso — o palco da FAPI já recebeu de tudo. E sempre de braços abertos.
A diversidade gastronômica é outro ponto alto. Barracas de churrasco, comidas típicas de várias regiões, cerveja gelada, doces artesanais — tudo isso cria um verdadeiro festival de sabores. Um deleite para o paladar de quem visita a feira ano após ano.
E tem mais: a feira de negócios, os expositores de máquinas agrícolas, automóveis, moda, artesanato e inovação. A FAPI sempre foi o ponto de encontro entre o campo, a indústria e o comércio, fortalecendo parcerias, ampliando horizontes e girando a roda da economia local.
Mas em 2025, o que deveria ser mais uma celebração de tudo isso se vê ameaçado por boatos de cancelamento. A população se pergunta: será mesmo possível que uma festa desse porte, desse tamanho emocional, econômico e simbólico, corra o risco de não acontecer?
Fala-se nos bastidores sobre dificuldades administrativas e sinais de má gestão pública. Se confirmadas, essas falhas não afetam apenas o calendário de eventos da cidade — elas dilaceram um patrimônio afetivo e cultural de toda uma região.
A FAPI não pode ser silenciada. Ela é feita por quem ama, por quem trabalha, por quem acredita. Cancelá-la seria como apagar as luzes de um espetáculo antes mesmo da cortina se abrir. E Ourinhos merece mais.
Que esse seja o momento não de desistência, mas de união. Que a força dos empresários, dos artistas, dos expositores, dos moradores e dos apaixonados por essa terra fale mais alto.
É verdade que as últimas edições da festa foram aplaudidas por seu brilho e estrutura, mas também é inegável que o novo público jovem, em muitos momentos, não tem seguido a etiqueta básica do bom comportamento. Isso tem feito com que tradicionais famílias, que por anos fizeram da FAPI seu ponto de encontro, resistam em voltar à feira de exposições. No entanto, é um erro grave — alimentado muitas vezes pelas redes sociais — achar que os recursos destinados a eventos culturais poderiam ser simplesmente transferidos para a saúde ou outras áreas. Cultura também é necessidade. Cultura gera economia, turismo, emprego e identidade. O perigo está em dar voz, sem filtro, àqueles que opinam sem entender a complexidade do que está em jogo.
Porque a FAPI é de Ourinhos. E Ourinhos é da FAPI.