O Dia das Mães comemorado no Brasil no segundo domingo de maio, é considerado pelo comércio de forma geral, um termômetro da economia do país. Só fica atrás em vendas para o período de Natal. Isso porque, difícil encontrar um filho que não queira presentar a mãe nesta data.
Há um ditado popular que diz, que "Mãe é tudo igual e só muda de endereço", será que é isto mesmo?
No conceito de Carl Gustav Jung, o Arquétipo Materno é uma força universal, comum a todos os seres humanos, que rege e situa valores como o cuidado, o acolhimento, a fertilidade, o relacionamento entre pessoas, é o criador de afetos e vínculos entre humanos, grupos e coisas. (Significado de Arquétipo - modelo ou padrão passível de ser reproduzido).
- Kauê Rodrigues seo digital de "Cubos Academy", lembra que as mulheres têm desempenhado papéis diversos e significativos ao longo da história e, muitas vezes, esses papéis podem ser compreendidos através de arquétipos femininos. O Arquétipo da Mãe é um dos mais fundamentais e poderosos na psicologia e nas culturas ao redor do mundo. Ele representa a figura materna, simbolizando o princípio feminino da nutrição, proteção, amor incondicional e cuidado. Esse Arquétipo está profundamente associado à maternidade, à criação e à conexão emocional com os outros. A Mãe é frequentemente retratada como uma figura compassiva, protetora e carinhosa, que desempenha um papel fundamental na formação emocional e psicológica dos indivíduos. Ela personifica o acolhimento e o sustento, sendo a fonte primordial de vida e apoio em nossas vidas. O Arquétipo da Mãe também pode ser encontrado em figuras mitológicas, deusas e entidades simbólicas que personificam o aspecto maternal em diferentes culturas. A Mãe Terra, por exemplo, é uma representação arquetípica da fertilidade e da generosidade da natureza.
Mathilde Piacentini do Studio Pipoca, escreve sobre "Desmistificando a maternidade Heroínas? Não, Mulheres"! - Diz ela: "as mães não são heroínas, são mulheres. Mulheres que sofrem, que cansam e que precisam compartilhar o maternar e contar com redes de apoio". Reflete que um dos papeis mais comuns atribuídos às mulheres quando elas vivenciam a maternidade é sobre como as mães são verdadeiras heroínas, guerreiras incansáveis que são as responsáveis por cuidar e o pilar que sustentam a unidade familiar. Chama a atenção, que com o crescente acesso feminino ao mercado de trabalho nas últimas décadas, que fez com que as mulheres também ocupassem cada vez mais o posto de chefe de família – (no Brasil em quase 50% dos domicílios elas são as responsáveis pelo sustento) – essa visão sobre a mãe heroína se consolidou. Mas, lembra Mathilde, "Mães não são heroínas, são mulheres". "Quando pintamos as mães como heroínas, estamos indiretamente colocando essas mulheres no papel de incansáveis, capazes de fazer tudo por elas mesmas. Ou seja, é como se assumíssemos que as mães de verdade, as mães “raíz”, não precisam de ajuda ou de qualquer rede de apoio e dá-lhe mais tarefas, obrigações e responsabilidades. Um dos resultados desse mito é a submissão à dupla jornada, onde além de arcar com as responsabilidades profissionais as mulheres assumem o papel de responsabilidade de administração da casa, com toda carga física e mental que isso acarreta. Embora o papel da mulher e mãe como heroína e guerreira possa a primeira vista soar como elogioso, o que percebemos é que ele serve para a manutenção das opressões e do machismo. A mulher não pode cansar, tem que cuidar da casa, dos filhos e muitas vezes do marido, pouco importando se o trabalho remunerado dela exige mais que o de seu companheiro ou não".
Joana Simão Valério, psicóloga clínica, escreve que ser mãe é essencialmente saber amar. Significa dar afeto, estimar, proteger, cuidar e esta função maternal não se esgota na relação com os filhos biológicos mas pode ser exercida em relação a todas as pessoas com quem assumimos este papel cuidador e afetivo. Diz que também na psicoterapia, a relação que se estabelece entre o terapeuta e o paciente tem semelhanças com este tipo de relação, na medida em que a principal finalidade do terapeuta é também promover o crescimento e a maturidade emocional do paciente, a descoberta do seu caminho pessoal e a conquista da sua autonomia. Lembra que é comum encontrarmos muitas mulheres que se questionam se estarão a ser boas mães e esta acaba por ser uma dúvida que traz consigo alguma dose de angústia e de sofrimento. Reforça que o desempenho de vários papéis em simultâneo por parte da mulher, tais como de mãe, esposa, profissional, filha, dona de casa, pode trazer uma pressão psicológica excessiva que acaba por gerar sentimentos de falha e culpa, mas que ser mãe é antes de mais nada ser pessoa, e ser mulher e como tal importa a realização pessoal, e a busca do prazer noutras esferas da vida que vão para além da maternidade e que contribuem para a mudança, para a auto-descoberta e em última instância para o crescimento contínuo e renovador da mulher. Diz ainda que a maternidade será tanto mais vivida na sua plenitude quanto mais feliz e realizada a mãe se sentir noutras áreas da sua vida, e que o investimento que a mãe faz em si enquanto mulher irá servir de modelo para a criança mais tarde, orientando-a na sua forma de relacionar-se consigo, com os outros e com o mundo, que aspirar a ser a super-mulher e a super-mãe lá de casa que tudo faz e tudo resolve não passam de metas inatingíveis condenadas ao fracasso que apenas geram stress e angústia. Aconselha que o bom funcionamento da dinâmica familiar não depende exclusivamente da mãe, mas também do pai, dos próprios filhos e das condições e circunstâncias de vida. Afirma que ideais de perfeição são conceções irrealistas e inimigas do bem estar emocional, pois resvalam inevitavelmente em situações de frustração e desilusão, e que as crianças não precisam de mães perfeitas para as amarem mas sim de mães suficientemente boas, capazes de aceitar e de amar não só as qualidades pessoais mas também as limitações e as fragilidades, ensinando os seus filhos a fazerem o mesmo, sem caírem na auto-crítica permanente, por isso não há que ter medo de errar com os filhos, eles não se fazem acompanhar de um manual de instruções ao nascer e como tal a parentalidade é algo que inevitavelmente se aprende ao longo do tempo e que decorre do conhecimento mútuo de mãe e filho e da experiência de vida. Observa que as crianças têm o seu próprio temperamento e personalidade, e como tal é natural que ocorram divergências e conflitos ao longo do caminho, que traduzem nada mais que o processo natural de diferenciação dos filhos, e que acima de tudo importa uma atitude disponível e atenta da mãe às reais necessidades emocionais dos filhos e não a padrões idealizados.
Mãe à moda antiga, mãe liberal, mãe carinhosa, mãe estressada, mãe, mãe, mãe...de vários jeitos, vários gostos, mas uma coisa é certa: ela continua merecendo mais do que nunca a atenção do filho. Quando não consegue cumprir este papel tão importante na vida do filho (a), este (a) crescerá com uma grande lacuna emocional. Uma sensação de que faltou colo, faltou canção de ninar, faltou os sins e os nãos que o adulto leva consigo pelos ouvidos emocionais ao longo de toda existência.