Neste mês de novembro, comemoramos mais uma vez no Brasil o "Dia de Finados", um momento para recordamos, relembrarmos familiares, amigos, amores que estiveram em algum momento percorrendo conosco a existência, e hoje fisicamente deixaram nos sós neste caminho. A data também é um bom motivo para refletirmos como estamos vivendo a vida, que tem "N"s possibilidades para a desfrutarmos bem, porém muitas das vezes passamos os dias resmungando, maldizendo o que possuímos, e desejando o que não temos.
Pensar na Morte causa incômodo ao ser humano desde há muito tempo. Na Revista Super Interessante, um artigo revela que o estranhamento e o terror sobre a Morte sempre existiram. As pinturas nas paredes de cavernas como Lascaux e Chauvert, na França, revelam o incômodo que a morte provocava no homem de 30 mil anos atrás. Episódios alegres, como caçadas, eram retratados em cores vivas. As imagens fúnebres, por sua vez, eram pintadas com cores escuras. Especialistas em Psicologia dizem que a Morte representa o fim de um ciclo, quando momentos vividos se transformam em lembranças. Joanneliese de Lucas Freitas, professora doutora em psicologia e coordenadora do projeto “Lutos: vivências e possibilidades”, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em entrevista ao jornal Gazeta do Povo, diz que a morte é uma situação limite, seja a do outro ou a nossa própria. “A morte coloca em xeque todos os valores de uma pessoa e o sentido que ela dá à vida. Nesse momento, surge a possibilidade de transformação”. Quando um familiar querido morre, um amigo, uma pessoa influente em uma comunidade, isto tem um impacto emocional naqueles que conviveram com quem parte. Difícil é aquele que de alguma forma não faz um balanço sobre a "finitude" da existência. Quando o ser que parte é jovem, o impacto pode ser ainda maior, pois a maioria de nós não crê na possibilidade de que alguém na chamada "flor da idade" possa morrer. Quando, porém, mudamos o nosso olhar sobre viver e morrer, tudo pode ser melhor.
A única certeza do ser humano que nasce, é que vai morrer. Então, porque não viver bem?! Sem lamentações e reclamações, mas fazendo investimentos em situações que torne tudo (ou quase tudo), agradável, leve e único. Quantos são aqueles que "acumulam" contas bancárias, quando poderiam ter viajado mais, conhecido lugares paradisíacos, "acumulados" momentos inesquecíveis! Quantos são aqueles que gastam muito dinheiro para construir mansões e mobiliá-las de forma suntuosas, e não conseguem viver a experiência de um abraço sincero, um bate papo descontraído, uma risada sem motivo aparente...Ao final da existência, estão solitários em suas mansões, seus mobiliários empoeirados, sem ninguém para ouvir suas histórias (se as viveu), ou compartilhar suas experiências.
Sergio De Britto Alvares Affonso, do grupo musical Titãs, coloca na letra da música "Epitáfio" - (inscrição sobre lápides tumulares ou monumentos funerários), uma reflexão que vale a pena sempre recordar quando o tema é viver bem:
- Devia ter amado mais;
-Ter chorado mais;
-Ter visto o sol nascer;
- Devia ter arriscado mais;
- E até errado mais;
-Ter feito o que eu queria fazer;
- Queria ter aceitado;
- As pessoas como elas são;
- Cada um sabe a alegria;
- E a dor que traz no coração;
- O acaso vai me proteger;
- Enquanto eu andar distraído;
- O acaso vai me proteger;
- Enquanto eu andar...
- Devia ter complicado menos;
- Trabalhado menos;
- Ter visto o sol se pôr;
- Devia ter me importado menos;
- Com problemas pequenos;
- Ter morrido de amor;
- Queria ter aceitado;
- A vida como ela é;
- A cada um cabe alegrias;
- E a tristeza que vier...
Refletir sobre a Morte para Valorizar a vida, também vale a pena visitar o texto do escritor Jim Brow, "Entrevista com Deus":
Sonhei que tinha marcado uma entrevista com Deus.
"Entre", disse Deus. "Então, você gostaria de me entrevistar?"
"Se o Senhor tiver tempo", respondi.
Deus sorriu e disse:
"Meu tempo é a eternidade e é suficiente para qualquer coisa. Que perguntas tem em mente para me fazer?"
"O que mais O surpreende a respeito dos homens?"
Deus respondeu:
"Que eles se chateiam em ser crianças, tem pressa de crescer, e então desejam ser crianças novamente.
Que eles perdem sua saúde para ganhar dinheiro e então gastam o dinheiro para recuperar a saúde.
Que por pensarem ansiosamente sobre o futuro, eles esquecem o presente, de modo que não vivem nem o presente nem o futuro.
Que vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se não tivessem vivido..."
A mão de Deus pegou as minhas e ficamos em silêncio por um instante e então perguntei...
"Como Pai, que lições de vida quer que seus filhos venham a aprender?"
Deus respondeu com um sorriso:
"Aprender que eles não podem fazer ninguém amá-los. O que eles podem fazer é permitir que sejam amados.
Aprender que o mais valioso não é o que eles têm em suas vidas, mas quem eles têm em suas vidas.
Aprender que não é bom se comparar a outros. Todos serão julgados individualmente por seus próprios méritos.
Aprender que uma pessoa rica não é a que tem mais, mas a que precisa de menos.
Aprender que são necessários poucos segundos para abrir feridas profundas em pessoas que amamos, e pode levar anos para curá-las.
Aprender a perdoar, exercitando o perdão.
Aprender que há pessoas que o amam sinceramente, mas simplesmente não sabem expressar ou mostrar seus sentimentos.
Aprender que o dinheiro compra qualquer coisa, menos a felicidade.
Aprender que duas pessoas podem olhar para a mesma coisa e vê-la completamente diferente.
Aprender que nem sempre é suficiente ser perdoado pelos outros, mas perdoar a si mesmos."
Sentei por um tempo, saboreando o momento.
Agradeci a Ele pelo tempo dispensado e por tudo que Ele me proporcionou.
E Ele respondeu:
"Estou aqui, 24 horas por dia."
Morrer todo mundo vai, mas a forma de "viver", pode ser muito "diferente" para cada um.
Que quando a "morte" nos arrebatar, ela encontre alguém que souber valorizar a "vida".