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Estamos endoidando, e o pior é que não admitimos

o primeiro passo é todos chegarmos à conclusão de que estamos adoecidos como sociedade, e é essa reflexão que trago hoje nesta coluna.

Jomar Medeiros
Por: Jomar Medeiros Fonte: Da Redação
18/09/2023 às 22h46
Estamos endoidando, e o pior é que não admitimos

Antes de começar já vou avisando que não sou psicólogo, muito menos psiquiatra. Sou apenas um jornalista observador dos novos tempos e preocupado com o que vem pelo futuro.

Na última coluna mostrei que a Inteligência Artificial é capaz de produzir textos como se fosse uma pessoa escrevendo, uma singela amostra, eu sei, mas apenas a ponta de um iceberg de proporções gigantescas. Como saber se sou eu ou a máquina que está produzindo este texto aqui, agora, é que são elas…

Voltando ao título deste artigo, se você ainda tem dúvidas peço que entre no Facebook de uma Prefeitura qualquer e leia os comentários embaixo das publicações. É de cair o queixo, pra não dizer outra coisa.

Publicações com um número de telefone e sempre tem algum desavisado a perguntar qual é o número – que já está na publicação. Uma que diz terem as chuvas atrapalhado o andamento de obras e o distinto público discorda, apesar dos quatro meses sem uma semana seguida de sol, no final de 2022 e início de 2023. Quando uma publicação informa sempre aparece um cidadão para desinformar. Se a obra anda foi porque ele cobrou, mas se para nunca foi porque ele deixou de cobrar. Ataque hacker? Que nada, é “queima de arquivo” para despistar, apesar dos imensos prejuízos e trabalho gerado para desfazer o que um simples vírus causou de dano.

É coisa de Prefeitura? Não apenas, basta ver o que causou nas redes sociais um simples transplante de coração (simples porque não é meu) do apresentador Fausto Silva. Milhares de especialistas que até ontem negavam a importância do Sistema Único de Saúde destilaram teorias e mais teorias da conspiração para justificar a rapidez com que foi obtido um órgão para transplantar. Em vez de comemoração, a barbarização.

Agora vem o pior, não estamos nos dando conta da gravidade do problema. Nossa tendência é, quando nos deparamos com uma treta homérica, deixarmos a questão de lado e procurarmos algo melhor para gastar o tempo, tão escasso ultimamente. É assim mesmo, não adianta, dizem. E não adianta mesmo, mas teria que…

Onde isso vai dar não sei, mas imagino que boa coisa não vem, a não ser que algo seja feito e mais rápido do que o avanço tecnológico que acumula tantas riquezas nas mãos de tão poucos. O que fazer, exatamente, não sei, mas como gosto sempre de propor algo que possa mudar a situação sugiro investimento maciço em educação.

E o que vem a ser investimento maciço em educação? Começaria por estabelecer uma meta de elevação salarial para a categoria até chegar ao ponto de um professor ganhar mais que um deputado federal. Urgente. É utopia, vocês pensarão, mas precisamos discutir isso.

Dias atrás, respondendo à pergunta de um jornalista que classificou sua fala como utópica, o presidente Lula lembrou que, se dependesse do conformismo com a situação, não teria alcançado a presidência da República por três vezes. Foi preciso que o inconformismo começasse com sua mãe, que levou a família do sertão pernambucano a São Paulo, e o resto todo mundo sabe – ou deveríamos saber. Não estou aqui fazendo juízo de valor, se o presidente é bom ou ruim, mas é uma mostra do que um simples diploma de torneiro mecânico do SENAI é capaz de mudar na vida de uma pessoa. Sem o primeiro passo tudo continua na mesma.

Finalizando, o primeiro passo é todos chegarmos à conclusão de que estamos adoecidos como sociedade, e é essa reflexão que trago hoje nesta coluna.

 

Homero Pavan Filho

Jornalista